terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quando o calor aperta...



O calor aperta. O suficiente para me fazer recolher a casa na sua pior hora.
Acontece que, por uma questão de princípio, não tenho ar condicionado. Se faz frio, visto mais um casaco, se faz calor retiro uma peça de roupa.
Acontece que se os casacos se podem acrescentar, a roupa pode ser retirada até um limite. E este chama-se “estar em pelota”. E quando este limite é atingido o meu luxo, e a contra-gosto, é o ligar uma valente ventoinha que aqui tenho.
Era assim, exactamente, que eu estava quando, p’la janela, me entra um som. Um som bem antigo, que já quase só faz parte das memórias. E de já poucos.
Um amolador de faca e tesoiras. Bem como reparador de sombrinhas e guarda-chuvas.
Foi o tempo de correr à janela, espreitar p’la cortina, regressar em busca da câmara e fotografar quem passava cá em baixo, sem me exibir em demasia.
Mas faz-me espécie este negócio.
Se, com a crise, faz todo o sentido o recuperar o que se tem, ao invés de comprar novo, também é certo que num bairro dormitório suburbano, mesmo no mês de Setembro, a grande maioria de quem aqui reside está nos seus trabalhos a meio da semana. Pergunto-me quantos clientes este amolador ambulante terá ao longo de um quente dia de trabalho.
Boa sorte, companheiro. E regressa em breve, para me alegrares a tarde com a sua melodia inconfundível.

Texto e imagem: by me

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