sábado, 23 de julho de 2011

Fórmulas



“Bom dia!”, disse-lhe eu pela janela da carrinha, com o mais rasgado e luminoso sorriso. E em perfeita sintonia com o início de dia, não fora o vento fresco que se fazia sentir.
Ele, sentado ao volante e com o motor desligado, respondeu-me na mesma moeda e tom: “Bom dia!”
“Talvez me possa responder a uma questão.” prossegui. “Porque motivo, numa rua tão larga, com tão pouco trânsito e lugares disponíveis ali do outro lado, tem que estar a ocupar o lugar dos peões, estacionado em cima do passeio?”
Fez-se sério. Olhou em redor, pelos vidros e pelos retrovisores e voltou a sorrir para mim: “Tem razão!”
Continuando o meu caminho para o trabalho, que os comboios suburbanos não esperam por contestatários, ainda lhe disse: “Então veja se faz alguma coisa a esse respeito!”
Uns passos depois ouvi o motor a ser posto em marcha. Parei, rodei e fiquei a ver o que acontecia. Com um recuo e um avanço, o tipo com vinte e poucos anos colocou a carrinha na mesma posição relativa mas no asfalto, deixando o passeio livre. Travando-a, fez-me o velho sinal de “OK” com o polegar.
E eu, antes de retomar a minha própria marcha, que o tempo urgia e as emissões não param, atirei-lhe de volta o mesmo: gesto e sorriso.

Nestas coisas de viver e intervir na sociedade não há fórmulas feitas. Há apenas que saber “dançar de acordo com a música”, o que nem sempre é fácil ou intuitivo.
Mas é certinho, como o sol nascer amanhã, que um sorriso junto com o factor surpresa é aplicável com sucesso em mais de metade das situações.

Texto e imagem: by me

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