segunda-feira, 14 de março de 2011

Protesto/festa



E pronto: é uma mania minha!
Quando vejo alguém com uma câmara fotográfica na mão, arremelgam-se-me os olhos, não se vá dar o caso de ser mais uma Pentax.
Porquê? Bem, eu sou um feliz utilizador de câmaras Pentax e, a menos que algo corra muito mal, não tenciono mudar de marca. Mas também é verdade que esta marca não prima pelo seu marketing a nível mundial e menos ainda em Portugal. Pelo que são poucas as que por cá se encontram.
E eu, em vendo uma e em o podendo fazer, registo a feliz coincidência.
Neste Sábado, as câmaras fotográficas abundavam na rua e na avenida. E o meu olhar não parava, de uma para outra, numa busca quase inútil.
E digo quase porque ainda consegui encontrar uma. Meti conversa com a sua portadora e fiz o estranho pedido para a fotografar. Consegui-o, mas fez ela questão de a afastar do corpo, não fora eu dar-me ao trabalho de fotografar a sua dona. Que também me soube dizer que a tinha por falta de orçamento, que o seu sonho era uma Leica. Mal ela sabe como estria enganada na opção, mas seria problema dela.
Mais tarde, uma outra situação também invulgar nos tempos que correm: um cavalheiro já meio idoso ia fotografando com uma Minolta. Não consegui perceber-lhe o modelo, mas não pude deixar de constar que, na frente da zoom, vinha montado um filtro amarelo. Aos mais recentes nestas coisas da fotografia, principalmente a quem entrou já aquando da era do digital, pouco dirá, mas é um sinal, inequívoco de haver película monocromática no seu interior. Pequenos detalhes…
Mas a pérola foi mais tarde ainda: uma senhora que usava uma Lomo. Das mais pequenas e das primeiras. Com alegria fui ter com ela e perguntei-lhe há quanto tempo a tinha. Disse-me que não era dela, mas de uma amiga e nem sequer me soube dizer se ela, a câmara, era mesmo das primeiras ou se já depois da queda do muro de Berlin. Mas quando lhe fechei parcialmente a protecção frontal, lá estava: “Made in U.S.R.R, em vez da referencia mais tarde usada de “made in russia”.
Igualzinha à minha, com perto de 20 anos.
Para além do protesto de 12 de Março ter sido também uma união de vontades e desagrados, foi uma festa fotográfica.

Texto e imagem: by me

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