sexta-feira, 18 de março de 2011

Negócio



Para que serve? É difícil de dizer!
Na opinião de quem o fabrica, a sua utilidade é decorar porta-chaves.
Na minha opinião, é um elemento de integração social, de introdução à indústria e ao comércio. E servirá também ao desenvolvimento da argumentação e da desinibição perante estranhos.
Eu explico:

Foi-me proposta a sua compra por uma mocinha de uns 11/12 anos, filha de uma das empregadas do café que frequento para o café e linhas matinais.
Trata-me ela por “pai natal” (vá-se lá saber porquê!!!!) e até que é simpática e sociável.
Fez ela estes artefactos de um fio de nylon flexível e vai-os vendendo junto dos clientes do café e, suponho, pelas colegas e professores da escola que frequenta.
Em boa verdade, o artigo é de uma inutilidade quase atroz, já que um porta-chaves é um daqueles utensílios que, sujeitos a algum tipo de moda, têm que ser personalizados e práticos.
Mas, em meio de um texto que escrevia, particularmente difícil de desenvolver, não resisti e aceitei o negócio. Serve ele para a garota ter uma noção do valor do seu trabalho, do que é negociar, fabricar, comprar e vender e, com isso, integrar-se na sociedade.
Mas, que digo eu?
Acabei foi por fazer um disparate! Que esta questão do lucro, da mais-valia, do vender por cem aquilo que vale dez é um dos males desta nossa sociedade de consumo. Ao comprar esta inutilidade, apenas estive a reforçar-lhe a convicção de que tudo se vende e compra e que, com uma boa argumentação, até o mais disparatado artigo é negociável. Fui cúmplice na formatação de mais uma consumista!
Mas o seu sorriso de satisfação por ter tido mais um cliente que se interessou por aquilo que “inventou” talvez tenha sido mais útil que uma conversa esclarecedora sobre as perversidades do dinheiro e do negócio e de como ele está na raiz de tantos males!
Comprei, por cinquenta cêntimos, um sorriso. Foi um bom negócio!


Texto e imagem: by me

Sem comentários: