domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cinzento



Trabalhar numa cave, num ofício que mostra, supostamente, os mundos ao mundo, por vezes é terrível!
O que nos chega o mundo tem a frieza do digital, as imagens refractadas das cores moduladas e os sons estridentes dos microfones direccionais. Aquilo que dos mundos mostramos já nos chega filtrado e empacotado, sendo sobre isso que decidimos e editamos.
As nossas próprias surpresas (ou pelo menos a minha) acontecem quando de lá saímos e somos confrontados com os tais mundos, quentes, vivos, palpitantes. Momentos há em que os mundos que mostramos ao mundo só palidamente se assemelham aos mundos que existem.
Mas por vezes, durante o trabalho, também somos surpreendidos. Ou nas pausas dele.
Entre programas venho à rua fumar um cigarrito, que manterá os níveis de nicotina suficientemente altos para suportar o que ali vou fazendo. E, de cada vez que o fiz, neste domingo de Fevereiro, encontrei climas tão díspares como se estivesse a viajar nos mundos que mostrava.
E Sol! E chuva! E calor! E frio! E calmaria! E vento cortante! E …
E foi neste jogo do tapa/destapa, procurando algum equilíbrio entre o quarto poder electrónico e os poderes da natureza, que fiz a única fotografia do dia.
O seu valor técnico ou estético? Perfeitamente nivelado com aquilo que fiz durante o dia para justificar o pão que ponho na mesa.

Texto e imagem: by me

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