sábado, 25 de dezembro de 2010

Dia de Natal



Confesso que não dou grande importância ao Natal. Na verdade, até me chateia um pouco.
Por um lado, essa coisa de o calendário impor as datas em que devemos estar contentes, satisfeitos com a vida, solidários e fraternos, em alegre sintonia e convívio com os consanguíneos.
Na prática, algumas dessas reuniões familiares acabam por ser uma espécie de trégua ténue, onde as convenções tentam manter mal tapadas as quezílias e desavenças entre parentes, servindo muitas das vezes mais para as alimentar que as minorar.
Além do mais, nesta época gasta-se à tripa forra, até porque “imposto”, a reserva de fraternidade. Em acabando as festas, regressa-se ao egoísmo exacerbado que conhecemos todos do dia-dia.
Como se isso não bastasse, gosto de ser eu a decidir quando devo estar de bem com a vida e comigo mesmo, preferencialmente todos os dias, e não quando uma data, que ao que parece nem sequer é exacta, nos impõe.
Em seguida, sendo o Natal uma tradição antiga, contém um detalhe “chato com’á potassa” igualmente antigo: a dificuldade de encontrar um café aberto de manhã onde tomar uma mísera bica! Claro que, sabendo eu da coisa, me precavenho com a minha dose matinal de cafeína em casa, de saco como tanto gosto. E, em saindo para a rua, vou direito a um café aqui no bairro, bem fora dos meus trajectos habituais, que sei ser o único aberto nesta data de manhã. Nem na rua, nem na estação, nem no centro comercial, nada! Mas sendo este café pertença de um casal de velhotes já adiantados na idade, nunca sei se, em lá chegando, a porta estará aberta.
Mas há uma outra tradição natalícia que me aborrece solenemente: o lixo nas ruas!
Ainda o café não abriu na manhã de Natal e o sol mal rompeu por entre as nuvens, e já aqueles que saíram de casa para os seus destinos ou foram passear os seus lulus se encarregaram de colorir os passeios e asfalto em torno dos contentores do lixo. Caixas, embalagens, latas, papeis, plásticos… uma enormidade de lixo, 99% não degradavel, que bem poderia esperar em casa até que houvesse recolha por parte dos serviços municipais. Que todos sabem não acontecer neste dia. E muito menos de manhã.
Esta falta de civismo por parte dos meus concidadãos deixa-me “piurso”, furibundo, quase perdendo as estribeiras.
Um ano houve em que, de conversa com vizinhos que, como eu, de tal não gostam, se alvitrou criarmos uma espécie de brigada aqui na rua, para devolvermos às portas das respectivas habitações os sacos assim largados. Mas o quente aconchego do lar e as discussões que daqui adviriam fez recuar as vontades.

Paz na terra aos Homens de boa-vontade. E à vizinhança com salutares hábitos de higiene também!


Texto e imagem: by me

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