quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Carne p'ra canhão!



O governo decidiu, com o beneplácito das organizações empresariais, aumentar em dez euros, em vez de vinte e cinco, o salário mínimo nacional.
Feitas contas muito simples, e pensando em alguém que resida na minha zona e trabalhe onde eu trabalho, fica-se a saber que desses dez euros, 2,25 serão consumidos imediatamente com o aumento dos transportes.
Se lhes acrescentarmos o aumento do IVA sobre todos os produtos, bem como os óbvios aumentos com a habitação (e deixemos todos os outros aumentos de preços de parte) constataremos que esses dez euros tão penosamente concedidos serão consumidos de imediato, não chegando para cobrir aquilo que será cobrado.
Tenho para mim que a palavra dada em compromissos, formais ou outros, é inestimável. E merece-me muito pouco crédito, se algum, quem não honra a sua palavra ou compromisso. Seja ele o meu vizinho, alguém com quem comercialize ou alguém eleito para o governo deste país.
E se for alguém com quem me cruze sempre posso não lhe dirigir a palavra (ou largar algum insulto se me apetecer), se for algum comerciante sempre posso levantar-lhe algum processo, alertar outras possíveis vítimas e deixar de ali consumir.
Mas se forem governantes, com quem temos contratos a longo prazo, além daquilo que poderemos fazer aquando do exercício da democracia, começa a ser tempo de impor a vontade do povo que não apenas pelo voto.
E nunca nos esqueçamos que um dos símbolos nacionais, o hino, tem na sua letra:

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Que nestas guerras económicas, intra ou supra nacionais, somos nós a carne para canhão!


Texto e imagem: by me

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