sábado, 31 de julho de 2010

Uma lenda


Estou em crer que já aqui tinha falado desta rua. Trata-se da Rua Flores do Lima, paralela à Av Estados Unidos da América, em Lisboa.
É uma rua modesta, em que os automóveis entram e saem pelo mesmo lado, que no outro extremo apenas existem escadas. Pelo nome apenas a conhecerão os residentes, as entidades oficiais e os carteiros. E pouco mais.
Mas há três bons motivos para esta rua ser importante: É nela que se localiza a “Casa do Conselho de Tomar”, bem como a discoteca “Templários”; É aqui que fica o cinema “Quarteto”, lugar mítico de romarias cinéfilas; O nome, que tem uma história ou estória agora com o dobro da graça.

É voz corrente na família que o nome desta rua se deve a um jardineiro, de seu nome Lima, parente afastado e falecido faz muito. Diz-se que ele cuidava dos jardins existentes nos palacetes que por ali havia como ninguém e que as suas flores eram únicas, gabadas e invejadas por muitos. Os palacetes e jardins terão sido demolidos para darem lugar aos actuais edifícios e arruamentos, mas terá ficado a memória do jardineiro e das suas flores. Alguns terão querido perpetuar esse dom florido e terão dado o seu nome ao arruamento.
Mas, dando uma volta pela página do município, encontro a secção de toponímia onde sobre esta rua se diz o seguinte:

“Este topónimo, atribuído a pedido dos moradores do arruamento, deriva do título do livro Flores do Lima da Autoria de Diogo Bernardes e constitui homenagem a este Escritor, que deu o nome a um arruamento com este Topónimo.”

Acredito que o município tenha registos sólidos que consubstanciem o que afirma, tanto mais que a rua terá uns 50 anos, e o nome foi atribuído em 1961.
Por meu lado tenho apenas uma tradição oral familiar, agravada por nenhum do parente que eu tenha conhecido em vida ali tenha residido.
Com isto e com a ilusão perdida, creio que vou deixar de dizer que existe em Lisboa uma rua em honra de um familiar. Era uma estória bonita, que morre aqui, com a frieza da web e dos factos da história.
Mas desconfio que, em momentos especiais, alimentarei a lenda.
Afinal, quem sabe onde fica a Rua Flores do Lima, em Lisboa? Ou mesmo a Estação Central, grande, imponente e polémica, conhecida apenas por uma alcunha?


Texto e imagem: by me

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