terça-feira, 13 de julho de 2010

Buzinas


É pró menino e prá menina! É frutó chocolate! É Olá fresquinho!

Não, isto já não se ouve!
Até porque já não há só fruta e chocolate, que os sabores variaram a ponto de qualquer um ficar indeciso perante o cardápio. E, além do menino e da menina, todos os outros eles e elas o consomem, até porque, como foi apregoado em publicidade, só há duas razões para consumir gelados: por tudo e por nada.
Mas o que ainda se vai ouvindo, com ou sem concertos por perto, são mesmo as buzinas agarradas ao guiador do triciclo motorizado.
O velhote que os vende - que para português completo só lhe falta mesmo o bigode farfalhudo que o boné, a barriga e as calças descaídas lá estavam - vai andando para cima e para baixo, em busca de onde se junte mais gente, da crescida ou da canalha pequena. E em parando e ajeitando as rodas para que não deslize no declive, que os travões já não são o que foram, pousa o caixote de fruta que lhe serve de degrau para chegar às tampas de onde sairão os gelados, e aperta uma ou outra, conforme entende que será a melhor para chamar a freguesia.
Não sei o que se finará primeiro: se o velhote se o vetusto triciclo; os gelados de laranja, ananás ou limão já não são o que eram; mas, pela certa, que as buzinas têm o mesmo som que na minha meninice.

Texto e imagem: by me

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