quarta-feira, 10 de março de 2010

Novos icones


Diz-se que Arquimedes, quando tomava banho, terá exclamado “Eureka” ao descobrir o princípio da impulsão.
Segundo ele, a massa de um corpo mergulhado num fluido (água) é igual à massa do fluido por ele deslocado. Ou qualquer coisa parecida.
Este princípio tem sido útil, ao longo dos séculos, para calcular o desenho de navios, massas e características de minérios e outras minudências científicas.
E é também com base nesse princípio que funciona o que aqui se mostra: uma balança: O copo interior, vermelho, flutua na água contida no copo exterior. À medida que se for acrescentando peso no copo interior, este afunda, fazendo a água subir no copo exterior. O quanto ela sobe é lido na escala graduada, que corresponde ao peso acrescentado. Simples, barato e à venda em lojas de inutilidades.
Já sobre o objecto de cima, uma maceta de pedreiro, as crónicas não no elucidam com rigor sobre a sua paternidade. O mais que sei é que foi inventada por pedreiros portugueses.
O seu formato quase cónico mas arredondado faz com que, ao bater na ponteira para talhar pedra, se não acertar em cheio, resvala para o lado. Desta forma evitará acertar nos dedos de quem estiver a moldar uma estátua ou tão só a preparar uma parede.
À venda em lojas de ferragens e ferramentas, mas já não tantas quanto isso, que a mecanização as vai substituindo.

Perguntar-se-á que raio fazem estas duas peças juntas.
Digamos que se trata de uma estilização do estado da justiça neste país.
No lugar de pratos iguais e nivelados, a eficácia da justiça depende do afundanço em que vivemos e da força da marretada que lhe dermos.
Quanto à marreta ou maceta, no lugar de uma espada que tudo corta a direito, é aplicada com maior ou menor destreza, resvalando para o lado se mal usada.
A única coisa que parece ser imutável é a escala. Mas também esta é tão volúvel quanto o liquido usado, seja água ou azeite.
Resta perguntar quanto pesa a justiça, por cá. Nem chega a 50 gramas!

Texto e imagem: by me

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