segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Frio na estação


Em que estaria a pensar esta mulher, sentada que estava num banco, de manhã, abrigada da chuva miudinha pelo telheiro do cais da estação, mas ao desabrigo do vento bem frio que se fazia sentir?
Vendo-a de longe, imóvel que estava, ainda pensei que estivesse com uns “fones” nos ouvidos, escutando umas quaisquer músicas produzidas num modernaço MP3.
Mas, em aproximando-me, constatei que não, tal como não estava a usar um telemóvel, nem a ler, nem a fazer tricot, nem…
Estava apenas ali sentada, de olhar fixo na parede fronteira, sem que nem um músculo se lhe movesse.
Acredito, porém, que a sua mente estivesse bem longe, muito mais que os destinos possíveis dos comboios suburbanos que aqui passam.
Creio que o seu olhar estava preso nas cores do graffiti, à sua frente na parede do outro lado da linha, e que tentava encontrar nelas o calor que aqui, bem longe da terra natal e neste Inverno bem rigoroso, difícil é de sentir.
E se o corpo não aqueceu, pela certa que a memória, dessa sua viagem imaterial, terá regressado bem mais confortado.


Texto e imagem: by me

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