sábado, 27 de junho de 2009

O rei vai nu!


Li-o há pouco tempo e a fonte é fidedigna: um terço do território nacional continental está em seca grave ou severa! E quem o afirma é, nem mais nem menos, que o Instituto de Meteorologia.
Mas qualquer um de nós, sem o rigor dos números ou estatísticas, pode afirmar algo de parecido, mesmo nós, os citadinos.
Pouco tem chovido e sabemo-lo pelos poucos dias em que tivemos que sair de casa com o guarda-chuva. Mesmo nesses dias, excepção feita a um pequeno período, foram dias pontuais, com bátegas intensas e pouco mais.
Aquilo a que nos habituámos em pequenos, dias seguidos de chuva miudinha de manhã à noite, já não passa disso: recordações.
Mas mesmo que não recordemos o passado remoto ou recente, eis um bom exemplo do que se passa no país: uma rua, em Mem Martins, nos arrabaldes de Lisboa, chamada “Caminho do rio”. E o rio, mesmo atrás da placa e emparedado, mostra-se com uns charcos tímidos e esporádicos, vendo-se o betão do seu leito em toda a plenitude da sua artificialidade.
Claro que esta situação de estarmos à míngua de água é grave. Não tão grave quanto em outros locais do mundo onde o líquido base vale o que pesa em ouro. Mas grave para os nossos consumos habituais, domésticos, industriais e agrícolas.
Mas, emparelhando com a gravidade da situação é a ausência de medidas públicas, por parte das entidades gestoras de água e governamentais, no sentido de evitar o desperdício. De pouparmos o pouco que aindfa cvamos tendo.
Obviamente que a este silêncio oficial não será alheio o estarmos em ano eleitoral. Várias eleições. E que duas delas, as que mais fazem movimentar as agendas dos partidos e governantes, só acontecerem em passado o verão e os seus calores. E o comum do cidadão não ficará, certamente, com boa opinião de quem lhe mandar apertar a torneira, para além do cinto. E manifestará o seu desagrado no momento do voto, pela certa.
Será caso para se dizer “O rei vai nu” ou, se preferirem, “O rio vai seco”. E ninguém, nem rei nem populaça, o quer ver.
Talvez mesmo só quando, in extremis, o rei se constipar ou a população não tiver o que beber ou com que lavar ou regar.


Texto e imagem: by me

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