segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Protecção civil e media


Foi há umas duas semanas, mais coisa, menos coisa: O clima fez das suas, as temperaturas baixaram (melhor, o mercúrios nas colunas dos termómetros baixou) e a neve caiu.
Isto nada teria de mal se estivéssemos habituados a tal. Se a existência de neve em estradas e cidades fosse coisa de todo o ano ou de todos os anos. E se fosse tal a quantidade que fizesse deste jardim à beira-mar plantado um destino de turismo de Inverno. Com as respectivas infra-estruturas.
Acontece que a neve, por cá, não é assim tão habitual. Pelo menos nos últimos anos.
Assim, cidades brancas, escolas fechadas, trânsito condicionado e estradas cortadas foram noticia de primeira página ou de abertura de noticiário televisivo. Bem como os avisos laranja e vermelho que contrastavam com a alvura da paisagem.
Mas foi igualmente notícia de destaque a quantidade de gente presa na neve e no gelo, as horas de espera ao frio, os inconvenientes para a circulação de pessoas e bens e os protestos de sempre sobre a falta de socorros e apoios.
As argumentações das autoridades foram as que se esperavam: exiguidade de meios, inadequação destes para as invernias, já que os investimentos têm sido para os fogos estivais, que não se pode contar ter a protecção civil e os bombeiros em todos os locais preparados a 100% para todas as eventualidades, que a neve não é um hábito por cá…
As queixas e argumentações, para além de manchetes, fizeram eco nas autoridades decisoras. Pelo menos é o que se pode deduzir deste fim-de-semana.
Novamente nevou e se viu os alertas coloridos da meteorologia, com estradas cortadas, etc. Só que, ao invés de queixas e imagens de gente a tiritar de frio à espera e a protestar, fomos confrontados com números. Quantas estradas cortadas preventivamente, quantas pessoas resgatadas da neve e gelo, incluindo as suas faixas etárias, quantos veículos ligeiros, pesados de mercadorias e de passageiros foram retirados de situações de blqueio…
Ficámos a saber, através dos noticiários e jornais on-line, que a protecção civil actuou bem, em tempo e meios, e que os prejuízos foram mínimos devido a isso.
O que me leva a concluir que, no espaço de duas semanas, mais coisa, menos coisa, os meios de salvamento (homens e maquinaria) aumentaram em muito. Acredito que até recrutámos gente ao estrangeiro, a interpretar uma reportagem onde quem aplicava sal nas estradas da zona de Vila Real só falava castelhano.
Ou a minha conclusão está correcta ou… Não, não vou voltar à carga com o pensar que as instituições inundam os media com os factos e números que entendem por convenientes e que estes – os media – alinham no jogo atacando ou defendendo essas instituições de acordo com critérios editoriais regulados por simpatias ou antagonismos pessoais ou políticos.
Vou apenas pensar que as coisas melhoram significativamente em duas semanas, mais ou menos, tal como penso que o tipo de barbas brancas que vejo reflectidos nas vidraças do museu dos bombeiros é o Pai Natal.


Texto e imagem: by me

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