domingo, 4 de janeiro de 2009

O olho do Big Brother


Um destes dias perco a cabeça!
Passo por uma loja de artigos de “Paint-Ball” e compro uma pistola. Uma daquelas que dispara pequenas bolas de plástico com tinta lá dentro que pinta o alvo em acertando-lhe.
E passo a trazer isso comigo. Não na sovaqueira, que nem um detective privado dos filmes, mas num simples estojo no saco, esse sim, que anda sempre pendurado do ombro ou costas.
E, em dando com um destes olhos electrónicos que, à revelia da minha (nossa) vontade, registam o que fazemos na via pública, atiro-lhe. Sem estragar, apenas obstruindo a objectiva.
É que faz-me sair do sério esta vigilância permanente e em tudo quanto é sitio, privado ou público. O que quer que façamos, em Lisboa e noutras cidades grandes, quase não há rua que não esteja vigiada e gravada. Por entidades de segurança, para “garantir” o fluxo do tráfego automóvel ou para garantir a segurança de quem lá anda. Claro está que não garante coisa nenhuma, já que não impede o que quer que seja.
E, tão mau quanto estas, as que estão ao serviço de empresas ou condomínios privados. Com o pretexto de serem de “segurança dos imóveis”, estão apontadas tanto para os imóveis ou estabelecimentos como para a rua, registando quem quer que por ali passe.
Nada tenho a esconder, pelo menos não mais que o comum dos mortais. Mas essa sensação de estar a ser permanentemente vigiado, como se de um criminoso se tratasse incomoda-me. Em profundidade.
Um destes dias perco a cabeça!


Texto e imagem: by me

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