sábado, 20 de dezembro de 2008

Uma questão de princípio


Não pago!”, disse eu. “E se tiver que ir para a esquadra, vamos que até pode ser divertido!
Mas comecemos pelo princípio:
Havia dois dias que tinha comprado dez viagens pré-pagas para a Carris. Trata-se de um processo moderno, de cartões magnéticos, que são “carregados” num concessionário ou num posto de venda da empresa transportadora. No caso, foi num quiosque da Carris, no Campo Pequeno.
Sendo que já lá tinha duas, com as dez que comprei fiquei com doze, das quais gastei uma nesse mesmo dia.
Dois dias depois quis usar o mesmo cartão a caminho do trabalho e a maldita da maquineta de controlo, à entrada do autocarro, informa-me que: “Título inválido”. Fiquei logo mais bem disposto, como se imagina. Tentei a outra máquina e o resultado foi idêntico. E a terceira tentativa não destoou das restantes.
Questionei o motorista sobre o que fazer, exibindo o dito cartão bem como o recibo que me havia sido entregue e que serve de “tira teimas” em casos destes.
Disse-me o zeloso funcionário que, estando a maquina a trabalhar correctamente (e testou o seu próprio “passe” como exemplo) eu teria mais era que pagar ali a tarifa de bordo e depois ir a um quiosque resolver a questão.
Mas eu entendi o contrário. Tinha pago as viagens, queria ali usar o que havia pago e se o sistema não funcionava não era culpa minha. E não entendia porque haveria que pagar uma viagem em tarifa de bordo ao preço de 1.40€ se eu tinha comigo um titulo de viagem ao preço unitário de 0.81€. Ainda se ele me cobrasse esse valor…
Claro que me disse que a tarifa de bordo não era essa e que haveria que pagar o estipulado. E eu a recusar! E ainda me disse que, se surgisse a fiscalização, eu teria que pagar a multa ou seria levado para a esquadra para ser identificado e ser-me levantado o auto de ocorrência.
Foi o momento certo para eu exclamar: “Não pago!”, disse eu. “E se tiver que ir para a esquadra, vamos que até pode ser divertido!” Lamentavelmente, não surgiu nenhuma brigada de fiscalização, que em regra e de há uns tempos a esta parte, é constituída por três corpulentos e façanhudos funcionários de uma empresa de segurança.
Acabei por ir até ao trabalho naquele mesmo autocarro, sem pagar bilhete, o que foi uma estreia.
Terei que esperar por segunda-feira para poder encontrar o dito quiosque aberto e resolver o caso.

Mas, e a dar fé no que ouvi a quem contei a estória, não seria eu original e que a situação é comum, acabando os passageiros por pagarem a tarifa de bordo à revelia da sua vontade, apenas para não terem problemas.
No entanto, a minha questão não é o preço, que não serão esses cêntimos de diferença que me farão muito mais rico ou pobre. O problema põe-se mesmo numa questão de principio: Se paguei adiantadamente, quero poder usar o que paguei. E se o sistema por esta e ou outra empresa não funciona ou não é fiável, não terei que ser eu a arcar com as consequências.
Uma questão de princípio, repito!



Texto e imagem: by me

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