quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Dependurados no tempo


Eram às mãos-cheias, o ano passado.
Pendurados de tudo quanto era lugar de habitação, houvesse ou não crianças, foi uma moda que ultrapassou os limites do caricato.
Claro está que as lojas de inutilidades, muitas delas de produtos chineses, agradeceram pela ajuda que esta mania deu à facturação natalícia.

Este ano, contam-se pelos dedos de uma mão. Na metade da minha rua que conheço bem estão três. Está na média do bairro, superior mesmo a outros bairros. É muito provável que os Pais-Natal do ano passado tenham tido como destino o lixo, danificados que tenham ficado com as intempéries.
Também se pode atribuir a esta escassez de bonecos vermelhos nas fachadas às tendências de modas ou seja, a inversão da anterior, transformando os hábitos anteriores em demodée ou mesmo piroso.
A alternativa como explicação será a falta de convicção no espírito natalício, nas prendas de Dezembro e no futuro, próximo ou nem isso. Não adianta apelar à presença de um doador de prendas quando se acredita que nem mesmo ele terá escapado à crise que se vive. Que mais não é, ela a crise, que a evolução natural do que se tem vivido nos últimos anos.
Sobram, claro, as crianças que ainda têm a ilusão de existir o Pai-Natal e que ficam a olhar para mim de olhos esbugalhados na rua ou no comboio.



Texto e imagem: by me

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