terça-feira, 24 de junho de 2008

Que raio!


Chama-se Maria. Pelo menos assim o suponho, já que a maioria das mulheres nascidas, como ela, há mais de 60 anos, assim se chamvam: Maria Qualquer-Coisa ou Qualquer-Coisa Maria.
Pois a Maria partilha comigo o patrão. Tal como a cantina onde almoçamos, quando calha não estar eu de serviço de noite. E aconteceu, há uns dias atrás, estar ela mesmo à minha frente na fila para encher o tabuleiro do almoço.
Em chegando á sua vez para pagar, jogou a mão à pilha de guardanapos, que ali está para que nos sirvamos, e retirou uma mão-cheia deles. E quando digo “mão-cheia” não exagero, já que de facto tinha a mão plena deles, bem mais que o que a imagem ilustra, que foi feita numa tentativa falhada de o mostrar.
Fiquei boquiaberto! E furibundo! Pois ando eu a pregar a poupança de papel, em não desperdiçar as árvores á-toa, para vir esta Fulana gartar assim ao desbarato! Não me contive!
Em chegando a minha vez de pagar, peguei ostensivamente nos dois guardanapos do costume e, contando-os, perguntei a quem estava a cobrar:
“Não tenho direito a um desconto, já que só levo dois?”
A ironia e o tom duro não cairam em saco roto, e ela respondeu-me:
“Não ligue! Ela faz isto todos os dias. Ela e o seu amigo, que hoje ainda não apareceu. Deve ser para levar para casa.”
De furibundo passei a um estado de quase histeria mal contida! O raio da tipa! E do tipo, já agora! Não hão-de perder pela demora!
Nada fiz nesse dia, que tempo para a refição já era escasso (como de costume) e a fila enorme (igualmente como de costume).
Mas, da proxima vez que ali a vir a fazer o mesmo, tenho já a estratégia definida:
Esperarei que se sente e aproximar-me-ei cerimoniosamente. Em tom delicado e formal, perguntar-lhe-ei pelo nome, que anotarei cuidadosamente num bloco-notas que terei comigo para o efeito.
E mesmo que me não pergunte o porquê, tratarei de lho explicar: Quero saber a identidade de quem anda a destruir o que é de todos nós e dos vindouros. E quero saber o nome da pessoa por quem não acenderei uma velinha ao santinho da minha devoção. Que, quem tem este tipo de comportamento, não merece ser acarinhada, acautelada ou recomendada.
Seja qual for o Olimpo que consideremos!

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