segunda-feira, 19 de maio de 2008

Calmaria


A história foi-me contada na primeira pessoa, pela protagonista: a mocinha.
Com quinze anitos, está a repetir o 8º ano. Isto porque, no ano passado, foi retida (dantes diziam “foi chumbada”) por excesso de faltas. De acordo com a própria, era mais o tempo que passava na rua e com os “amigos” que nas aulas.
A solução apresentada (e posta em prática) pelos familiares, foi draconiana:
Retiraram-na da escola que frequentava, bem no centro de Lisboa e pertinho da casa de seus pais, e matricularam-na numa outra, ali para os lados de S. João do Estoril, ficando a residir durante a semana em casa de sua avó, nas imediações. O regresso à grande cidade só vai acontecendo pelos fins-de-semana, de sexta à tarde a domingo à tarde.
Disse-me ela, em conversa ali mesmo no meio do Jardim da Estrela e junto ao meu artefacto, que está mais que satisfeita por o ano lectivo estar quase a acabar e, com isso, poder regressar em definitivo à grande urbe.
Nas suas palavras, já não suporta mais o som da aragem nas folhas das árvores e o chilrear dos pássaros, de manhã assim que acorda até que adormece de novo, à noite. É tranquilidade a mais, desabafa!

Pois tenho que aplaudir a decisão e a prática desta família. Pena é que a esmagadora maioria, por este ou aquele motivo, não possam fazer o mesmo. Acredito que os protestos juvenis foram muitos e veementes. Mas, ainda de acordo com a mocinha, as notas são soberbas e as faltas zero.
E aquilo que ela mesma diz já não suportar (a calmaria, a aragem, a passarada), será recordado com nostalgia, estou certo, daqui por uns valentes anos, quando o corre-corre citadino forem demais e a tranquilidade um oásis nas férias anuais.

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